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Informática como forma de interação no ambiente escolar

Projeto de intervenção sobre o incentivo ao uso de recursos tecnológicos e mídias em sala de aula.

* Nova versão de um projeto de intervenção já postado anteriormente. Esta é a versão definitiva, encaminhada para avaliação. O documento faz parte de uma das atividades do curso Mídias na Educação.

1. Introdução


Ninguém começa a ser educador numa terça-feira às quatro da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática. (FREIRE, 1991, p. 58).

Pretendemos inserir, com este Projeto, na escola Polo Educacional Centro Municipal de Letramento, Uruana-GO, as mídias à prática pedagógica do professor e do aluno, procurando criar uma necessidade do uso da Informática no ensino e na aprendizagem para que o corpo docente e discente possa interagir com a sociedade atual. Reforçamos essa ideia, conforme apregoa também Asbahr (2005, p. 03): 
“No decorrer da história da humanidade, os homens construíram infindáveis objetos para satisfazerem suas necessidades. Ao fazê-lo, produziram não só objetos, mas também novas necessidades e, com isso, novas atividades. Superaram as necessidades biológicas, características do reino animal, e construíram a humanidade, reino das necessidades espirituais, humano-genéricas.”

Baseando-nos em autores como, Araújo, Asbahr, Bévort, Duran, Lévy, Moran, Prensky e Silveira, fundamentamos sobre como tem sido a prática do professor frente às inovações midiáticas, a respeito desta nova ordem social. Procuramos encontrar meios para que os inúmeros recursos disponibilizados na escola, possam ser inseridos, aos poucos, às práticas do professor, não como um meio de reproduzir as mesmas práticas, mas de aproximar estas práticas das vivenciadas fora da escola.

Informática como forma de interação no ambiente escolar


2. Justificativa


O presente projeto foi idealizado a partir de uma proposta do curso de Especialização em Mídias na Educação. Nesse curso, não foram poucos os momentos de leituras e discussões a respeito das mídias e da prática do professor, além de outros temas. Atentando para um ambiente próximo, no qual atuo, percebi a necessidade de se trabalhar a prática do professor em meio às mídias, que não são tão recentes, mas que só há pouco se fazem presentes na escola. A Informática é quase inexistente nas práticas dos professores; raros são os momentos em que se faz uso de algum recurso midiático, e quase sempre reproduzindo uma mesma prática, não se percebe nada de novo, de explorador. 

Uma das mazelas na escola tem sido a falta de acompanhamento do professor às mudanças que o cerca. Os alunos passam e participam de transformações constantes e, no que se referem às mídias, essas se intensificaram a partir do final do século passado; algo que não ocorreu com o professor, a grande maioria ainda se prende às mesmas práticas com as quais aprendeu e que ensina faz anos. 

Neste sentido, em que estou presente enquanto professor e conhecedor da realidade instaurada quanto à forma que se dá a apropriação das mídias e sobre as práticas do professor na escola Polo Educacional Centro Municipal de Letramento I, proponho à população da escola a temática deste projeto, por meio de oficinas a serem desenvolvidas com alunos e professores. 

Este projeto é importante e necessário. Verificamos que a escola abriga um dos Polos UAB – Universidade Aberta do Brasil –, de educação a distância, e uma das contrapartidas, é o considerável número de recursos midiáticos (laboratórios de informática, acesso livre à web, ampliação da biblioteca, datas-shows, projetores, TVs, ambiente virtual de pesquisa, amplificadores de som, etc.) disponibilizados para uso comum às duas instituições de ensino. A potencialização de uso adequado dos espaços criados e das mídias disponibilizadas é fundamental para a prática do professor, oportunizando melhores condições de ensino e de aprendizagem aos alunos. 

A proposta de intervenção está justamente em exemplificar práticas que podem colaborar para a aproximação do ensino e da aprendizagem ao que a sociedade atual vive, e para isso, ampliar o planejamento das práticas do professor, proporcionar ambientes que sejam geridos pelos sujeitos da educação, numa colaboração não linear, com partida planejada, mas com resultados produzidos por estes sujeitos, para além de um objetivo de conteúdo, mas de desvelar aquilo que é demanda na sociedade. 

No desenvolvimento deste projeto, pretendemos criar alguns ambientes virtuais que permitam a ampliação de discussões a respeito do que se estuda na escola e do que o aluno vivencia fora dela, além do registro destas práticas de ensino e de aprendizagem; tudo isso na busca de que as mídias realmente estejam integradas na escola. 

Esses ambientes virtuais serão então nutridos de discussões, de trocas de ideias, de conteúdos didáticos, de informações de momento, de criações, tudo com o auxílio da Informática; seja na construção destes ambientes em web, aproveitando, por exemplo, de blogs, grupos e redes sociais, ou na manipulação de softwares para tratamento de dados e de informação, e com isso, claro, revendo a prática do professor. 

Praticamente não se vê trabalhos assim na escola em que se pretende intervir. O uso das diversas mídias é localizado, basicamente para a transmissão de conteúdos, pouco se cria. Não é uma proposta para se abandonar o físico e viver apenas o virtual, mas de trazer para a prática do professor, a Informática. 

Pela vivência, os professores não têm em sua prática a inserção da Informática, não pela falta de capacitação, já que há bastante oferta; é por falta de conhecimento, e mais, o professor não sente necessidade de uma TIC em sua prática; sem essa necessidade, ele a vê como pouco útil, um enfeite, um floreio, uma distração, um passatempo. 

3. Objetivos

3.1 Objetivo Geral


Discutir a respeito de possíveis potencialidades do uso da Informática na escola, como ampliação de práticas de ensino e de aprendizagem.


3.2 Objetivos Específicos


  • Refletir quanto à relação de professores e de alunos no uso da Informática;
  • Incluir o uso da Informática, em práticas de ensino e de aprendizagem;
  • Proporcionar momentos de discussão sobre a necessidade de integrar, no cotidiano escolar, as mídias.

4. Público-alvo


O público-alvo idealizado para as ações deste projeto são professores e alunos da educação básica da escola Polo Educacional Centro Municipal de Letramento I em Uruana-Goiás.

Entre os professores, apenas dois dos que atuam nesta escola ainda não concluiu uma graduação. A maioria dos professores possui alguma especialização. Uma considerável parcela possui um computador com acesso à web em casa, mas isso não indica que saibam utilizá-lo e aproveitá-lo em suas práticas. A escola disponibiliza um computador com acesso na sala de professores e o agendamento do uso dos laboratórios de informática, além de acesso livre à web em qualquer ponto da escola. 

Nas ações do projeto está previsto o trabalho com alunos de 1º a 9º ano, com idade entre 06 e 15 anos. Estes alunos, em sua maioria, residem próximo à escola, com alguns morando nos distritos e fazendas do entorno da cidade. Considerando um conjunto com aproximadamente 800 alunos, são poucos os que possuem um computador ou acesso à web em casa; poucos são os que utilizam o laboratório de informática, que conta com mais de 60 máquinas em bom estado de uso; apesar disso, muitos acabam tendo contado com outros recursos e em outros ambientes, por exemplo, a casa de um colega, uma Lan House, telecentro comunitário, celulares. 


5. Fundamentação Teórica


Não é de pouco, mas as últimas décadas têm sido marcadas por fatos que mudaram e têm mudado a sociedade, principalmente pela velocidade com que ocorrem. Tudo acontece a todo tempo e num tempo cada vez menor. A informação é cada vez mais presente, ela surge de toda parte, por diversas fontes e n versões. Inúmeras comunidades vão se aproximando e aos poucos conhecendo e sendo conhecidas. A comunicação entre distantes é em tempo real, não se é apenas receptor ou emissor, mas emissor e receptor. Os mercados, serviços e funções se aprimoram e ampliam; máquinas encurtam funções, reduzem e alteram a mão de obra. 

Tudo isso e mais, é fruto da Revolução Informacional que disponibiliza ao sujeito uma enormidade de informações em tempos e espaços diferentes dos anteriores. Ele continua dependente do conhecimento, que agora é novo a todo instante, e para isso há que dominar e acompanhar o avanço tecnológico. 

Tal avanço, ocorrendo paralelo à globalização, é presente no desenvolvimento da comunicação e da informação e contribui para o que vivenciamos como Sociedade da Informação; uma sociedade em que: 
Cada nova manhã traz um mundo cheio de novidades, e o espaço e o tempo ficaram mais curtos e próximos: lidamos, na contemporaneidade, com imensa quantidade de informações novas, disponíveis em formatos e formas de acessibilidade cada vez mais rápidas, diferentes e complexas. Todo este movimento gera uma ampliação da internacionalização dos conhecimentos necessários para se tomar decisões, ser mais produtivo e competitivo no mercado, fazendo com que seja também cada vez mais necessário, o aprimoramento constante e a formação continuada. (BEAUCLAIR, 2007, p. 26).
É evidente que aqueles que não tivessem condição de acesso à informação estariam distantes desta sociedade, e é ainda hoje, realidade de considerável parcela da população. Conhecer e ser capaz de lidar com as Tecnologias de Informação e Comunicação, TIC – é uma necessidade para mudar o estado destes sujeitos exclusos. 

Silveira (2009), diz que:
a sociedade é cada vez mais uma sociedade da informação e os grupos sociais que não souberem processar, encontrar, organizar, armazenar, recuperar e distribuir essas informações poderão ter suas condições de vida degradadas. Além disso, a exclusão das redes digitais elevará ainda mais a exclusão social. 
Percebe-se que existem investimentos, por meio de políticas de educação, que ampliam o número de equipamentos fornecidos às escolas, que se tem procurado facilitar o acesso à Internet, que têm sido feito investimentos em formação continuada, que são aparados e criados vários projetos de inclusão, mas isso não tem sido suficiente para superar a distância que muitos sujeitos têm das tecnologias digitais; menos ainda de discutir e agir sobre sua produção e popularização. 

Tas (2009, p. 236) afirma que:
Depende de como as pessoas que planejam a educação vão tratar deste mundo novo (...). Hoje, se o professor achar que é proprietário do conhecimento ele está fora do mundo. A informação está totalmente disponível e nós vamos ter que encontrar esse discernimento em rede. O conhecimento vai ser produzido desse relacionamento do professor com seus alunos, que é a tarefa do professor desde tempos imemoriais: ser um produtor de insights, de fricções de mentes e corações (...). Você tem que provocar um movimento físico, emocional no interior da pessoa. O cenário digital é muito propício a isso, porque não precisamos mais carregar e decorar livros para cima e para baixo, está tudo na rede, o que sobra é o discernimento. 
A escola não tem acompanhado, com a mesma velocidade, as mudanças instauradas na sociedade; por vezes, até as rejeita; e assim, ela não tem preparado o aluno a ser inserido nesta demanda social (a Sociedade da Informação). Não é questão de falta de recursos materiais, ou de apenas aprenderem a utilizá-los, por não serem nativos digitais; muitos professores apenas se acomodaram e vivem estacionados numa confortável rotina, ou ainda não compreenderam que é preciso agregar à sua prática a linguagem digital; que sua relação com o outro precisa ser próxima, e para isso há que integrar à sua prática aquilo que seus alunos de algum modo vivenciam em sociedade, para que sejam críticos e não submissos. 
A escrita era o eco, sobre um plano cognitivo, da invenção sociotécnica do tempo delimitado e do estoque. A informática, ao contrário, faz parte do trabalho de reabsorção de um espaço-tempo social viscoso, de forte inércia, em proveito de uma reorganização permanente e em tempo real dos agenciamentos sociotécnicos: flexibilidade, fluxo tensionado, estoque zero, prazo zero. (LÉVY, 1993, p. 115). 
Querer negar-se à mudança é fechar-se para o novo, é acomodar-se, manter-se em estado inerte, é não acompanhar o movimento da sociedade. A escola é um dos ambientes responsáveis pela formação de pessoas para a socialização, para a interação, para a movimentação. A mudança de que tratamos não é indicativo de moda, de que todos estejam num mesmo trilho, mas que rejeitar as transformações que provocamos e que nos provocam é se excluir. 

Duran (2010, p. 315) discorre a respeito da flexibilidade na educação indicando que: 
a partir das políticas públicas, do diálogo entre professores, do estudo de novas teorias, da troca de experiências, das relações entre escolas e comunidade e de outros fatores, surgem contradições que afetam os modos pelos quais os educadores pensam a educação e, mais especificamente, concebem os projetos que envolvem o uso das TIC. Sendo assim, os professores podem mudar sua prática, escolas podem redirecionar seus objetivos e até mesmo iniciativas governamentais podem dar novos rumos à educação. 
No texto “Resistência em utilizar recursos tecnológicos na escola”, que trata de estudos a respeito de mídias na educação, evidenciamos que:
A todo o momento é possível perceber a presença de algum avanço tecnológico. Não devemos considerar que é a tecnologia a causadora de mudanças em nossas vidas, mas que nós provocamos as inovações tecnológicas. Não é que nosso modo de ser e agir não esteja mudando com os avanços tecnológicos. Se a tecnologia existe e percebe-se uma mudança cultural, isso ocorre justamente por sermos os causadores. Considerando assim, não há porque não explorar os recursos tecnológicos na escola, já que é seu papel, dentre muitos, a educação para a vida, para a sociedade e a sociedade tem vivido o que se chama “cultura das mídias”. (BASTOS et al, 2012, p. 3). 
Bévort (2009, p. 1084) ressaltam ainda que a: 
interação das TIC na escola, em todos os seus níveis, é fundamental porque estas técnicas já estão presentes na vida de todas as crianças e adolescentes e funcionam – de modo desigual, real ou virtual – como agências de socialização, concorrendo com a escola e a família. 
Os alunos trazem consigo, grande quantidade de informações que eles filtram, sobre leituras breves, textos ilustrados, temas que lhes são interessantes e que por vezes servem-nos para a mediação do ensino e da aprendizagem. Diariamente, alunos chegam à sala de aula, comentando a respeito de algum assunto que correu nas redes sociais ou sobre jogos em web e partilham e produzem neles e com eles; muitos têm a sua própria máquina digital, a maioria possui celular, pendrive, perfis em redes sociais, jogos RPG, alguns têm notebook, Tablet, iPad, Iphone, etc. De fato, é cada vez mais raro encontrar algum aluno que não teve contato com algum destes aparelhos. É claro que outros meios midiáticos acabaram perdendo campo, – por exemplo: impressos, rádio, TV –, mas já lhes é próximo ou presente. 

Não há como negar a forte presença das mídias na sociedade. É preciso compreender como o professor tem se posicionado em sua prática frente às mudanças tecnológicas. 

Araújo (2010, p. 1), diz que:
No contexto das velozes alterações tecnológicas no qual nos encontramos neste século XXI, algumas exigências se impõem e atingem diretamente mudanças na formação de professores. No espaço da universidade, essa formação deve se sustentar numa sólida formação teórica articulada com as capacidades de intervir de modo crítico na realidade cotidiana dos espaços formativos. A escola é um desses espaços. É fundamental que receios, medos, temores das tecnologias da informação e da comunicação possam ser dirimidos no sentido de tornar o professor um profissional capaz de avançar na construção dos conhecimentos de forma criativa, crítica e autônoma. 
No texto “Um diálogo necessário: comunicar em educação e os instrumentos tecnológicos” nos referimos à escola como um espaço que deveria refletir o que se vive e promove em sociedade: 
A escola seria um lugar de constantes movimentos em acordo com o que o indivíduo tem ou poderá ter disponível para além de seus muros. Comunica-se conforme o que se vive; a educação não é algo estático, não se trata de transmissão do mesmo, mas de constantes mudanças “refazendo” o conhecimento. Isso se faz com o meio, sobre ele; há que experienciar, testar as sensações, instigar percepções, mover-se com o movimento do que o cerca. (BASTOS, 2012, p. 3). 
O mundo move-se historicamente no sentido da evolução, uma evolução que ocorre quando se busca a mudança ou quando se é provocado (necessidade, motivação, influência, exemplo); comumente ela ocorre por seres que não se aquietam diante da situação em que vivem. Muito disso pode não ter volta, há um momento em que ou nos apropriamos, e mais, propomos novas mudanças, ou tornamos seres à margem, exclusos. 
Avançaremos mais se aprendermos a equilibrar planejamento e a criatividade, a organização e a adaptação a cada situação, a aceitar os imprevistos, a gerenciar o que podemos prever e a incorporar o novo, o inesperado. Planejamento aberto, que prevê, que está pronto para mudanças, para sugestões, adaptações. Criatividade, que envolve sinergia, pôr as diversas habilidades em comunhão valorizar as contribuições de cada um, estimulando o clima de confiança, de apoio. (MORAN, 2007, p. 32). 
A prática deve ser pensada, motivadora, criativa, dialogada, partilhada; não é suficiente pesquisar ideias prontas e reproduzi-las ou remontá-las. Entende-se que a resistência em utilizar a maioria das mídias, ou o uso inadequado delas, se deve à ancoragem num molde de educação que não reflete a sociedade e que pouco se modifica. 

Lévy (2011, p. 08), afirma que: 
“É certo que a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso moderado da impressão. Uma verdadeira integração da informática (...) supõe portanto o abandono de um hábito antropológico mais que milenar, o que não pode ser feito em alguns anos.” 
Há um apontamento de Prensky (2001, p. 2) sobre o fato de os professores utilizarem uma linguagem ultrapassada, e que estão lutando para ensinar uma população que fala uma linguagem totalmente nova; claro que essa fala de 12 anos atrás pode não elucidar o que a educação vivencia com o teor que o autor propõe de que seja este seu único e maior problema, mas presenciamos certo distanciamento dos professores para com as mudanças midiáticas. 

Asbahr (2005), apoiada na Teoria Psicológica da Atividade, indica que “necessidade, objeto e motivo são componentes estruturais da atividade”, complementa que “a atividade não pode existir senão pelas ações”. E ainda, relata que: 
A natureza objetal da atividade não se restringe aos processos cognoscitivos, mas estende-se à esfera das necessidades, à esfera das emoções. (...) Somente quando um objeto corresponde à necessidade, esta pode orientar e regular a atividade. (ASBAHR, 2005) 
Considerando a referência de Asbahr à atividade como a prática do professor, tendo como objeto as TIC (principalmente a Mídia: Informática), poderíamos dizer que a necessidade está em integrar à escola tal objeto e o motivo seria o de aproximar a vivência social do aluno e do professor ao ensino e à aprendizagem da escola. A questão de entrave está justamente na necessidade; sem ela o professor estará inerte, não haverá ações, e a mudança da prática não existirá. Mas o objeto disponibilizado à comunidade escolar, não tem correspondido à necessidade? Ou a necessidade não existe no professor? Acredito que ainda não existe no professor a necessidade, já que ele é raramente explorado. 

Seria então o conhecimento sobre mídias e a aplicabilidade desse conhecimento no ensino, numa proposta para além da instrução do aluno frente à mudança midiática que o cerca; mas um chamariz, uma possível aproximação entre teoria e prática, o gosto pela aprendizagem; e ainda mais, o despertar no professor da necessidade das TIC na escola, como objeto, cujo motivo estaria em, além de acompanhar, influir no desenvolver da sociedade. Quem sabe então, o professor deixaria suas velhas práticas, agregando, discutindo, influenciando as mídias, em especial à Mídia: Informática. 

Quando o professor visualiza sua prática, é preciso um toque de criatividade. Sem a criatividade, o professor acaba recorrente das mesmas ações, das mesmas atividades, do formal, do repetitivo, de uma prática pouco ou nada atrativa. Com a criatividade, ele torna-se autor, não deixa de pesquisar, mas inova, propõe novos desafios, e com o aluno, criam. É importante entender que a criatividade não remete ao floreio, ao acréscimo de recursos e arremates que deixam uma atividade bonita ou impactante ao público, mas que representa uma nova proposta, uma experiência aos alunos, aos colegas de trabalho, que colabora para o alcance de objetivos e consegue relacionar as disciplinas, as pessoas, os recursos, em favor da escassa produção do conhecimento e da aproximação à nova sociedade. 

Acreditamos que seja necessário: a) a discussão e reflexão das práticas do professor e a troca de informações a respeito das práticas que serão propostas; b) o incentivo por coordenadores pedagógicos, diretores e outros dirigentes da escola; c) que a escola se prontifique à imersão, discussão, que continue com o projeto e que ele seja exemplo para novos projetos; d) que o aluno se sinta atraído pela proposta e que ela não seja apenas um caminho diferente para as mesmas práticas; e) que o professor seja criativo, que não receie arriscar, explorar, partilhar suas vivências, ouvir o outro. E mais, não basta um ou outro, é preciso um conjunto de todos, de tudo isso e de acompanhar e agir no movimento externo á escola, para que a educação realmente pense e integre a mídia. 

6. Metodologia


Ao propor uma intervenção sobre a inserção da Informática na prática do professor, é preciso ter um aporte teórico que permita planejamento e desenvolvimento de ações que possam ir de encontro aos objetivos descritos neste projeto. Para isso, todos os autores estudados no curso de Especialização em Midas na Educação até o momento formarão a base para pesquisa bibliográfica.

O projeto será desenvolvido numa parceria com professores e alunos da escola que se disponibilizarem a participar. A base do projeto está no estudo e na criação de oficinas, atividades e ações, por uma equipe responsável direta pela manutenção do projeto enquanto execução. A equipe será formada por um professor e de seis a quinze alunos que apresentam perfil de maior proximidade com a Informática. A equipe estará então não só propondo, mas acolhendo e acompanhando propostas que modifiquem a prática do professor no sentido de integração da Informática, buscando melhor ensino e aprendizagem. 

O próprio desenvolvimento e apreciação das ações/atividades servirão para discussões de conteúdo didático, mídias (informática), entre alunos e professores. Os materiais produzidos estarão registrados em ambientes criados especificamente para desenvolvimento e registro das atividades. Prevê-se a criação de um blog para registros e discussões e de um grupo de interação na rede social Facebook para planejamentos. 

Estarei (Charles Lourenço de Bastos) a frente de cada uma das etapas deste projeto, procurando parcerias que possibilitem que ele não seja passageiro, mas que se torne permanente para cada um dos professores que a ele, aderirem. 

A equipe nomeada “IntegraMídia” contará com um professor gestor e alunos. Toda semana, em dois dias, com duração de 1h30min cada, a equipe se reunirá para discussões, treinamentos, debates, oficinas e outros. Os planejamentos das temáticas dos encontros e outras organizações serão realizados por meio do grupo de mesmo nome da equipe, criado na rede social Facebook. Os alunos não serão fixos e não terão que estar presentes em todos os encontros, eles poderão revezar entre si, e aos poucos o grupo irá se renovando, ganhando novos membros. 

O registro das atividades realizadas nos encontros será disponibilizado na web, por meio de um blog, possivelmente sob o domínio: http://www.integramidia.blogspot.com, para toda comunidade escolar e para qualquer outro que dispor de acesso à Internet. No blog, haverá também recomendações de sítios, oficinas, temas, bem como, a disponibilização de retorno do leitor. Sabe-se que, existem muitos blogs registros, mas aos poucos, pretende-se que este se torne uma referência própria de exemplos das práticas de nossa escola. 

Esta estruturação foi pensada de modo a aproveitar da facilidade com que os jovens têm de manusear os recursos tecnológicos, e de ampliar as práticas apreendidas. Ao mesmo tempo que não obriga o professor a ter conhecimentos prévios a respeito de, por exemplo, softwares ou uso da web, apesar de que ele poderá participar dos encontros. 

O professor indica a sua intenção ao planejar sua prática e repassa à equipe, e ela se encarrega de organizar a parte de mídias e de repassar ao professor, para então, depois o professor ou mesmo a equipe repassar aos demais alunos. E ainda, o professor poderá partilhar suas práticas com a equipe e com outros professores.

Etapas
Ações
Descrição
1
Autorização
Encaminhamento do projeto para autorização e inserção no projeto político pedagógico da escola.
2
Divulgação
Divulgar para a toda a escola (professores e alunos) da proposta e de possíveis parcerias.
3
Organização e planejamento
Organização da equipe de trabalho e detalhamento das próximas etapas do projeto.
4
Produção
Elaboração de oficinas e de propostas de aulas. Criação do blog e do grupo de interação.
5
Execução e acompanhamento
Implantação do projeto.
Quadro 1 – Etapas de desenvolvimento do projeto

7. Cronograma


Meses
Etapas                                  
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Etapa 1 – Estruturação, planejamento e autorização de implementação.
X
X
Etapa 2 – Leituras Teóricas, revisão e entrega (esboço inicial).
X
X
Etapa 3 – Aplicação e acompanhamento.
X
X
X
Etapa 4 – Revisão e fechamento.
X
X
Etapa 5 – Apresentação do projeto.
X
Quadro 2 – Cronograma de Atividades


8. Recursos

8.1 Humanos


Item
Quantidade
Descrição
1
1
Professor que coordenará uma equipe a cargo de colaborar nas ações propostas no projeto.
2
6 a 15
Alunos para integrar a equipe e participar da organização das propostas deste projeto.
3
1
Monitor que cuidará da manutenção das máquinas e de instalar softwares a serem utilizados.
Quadro 3 – Recursos Humanos

8.2 Tecnológicos

Item
Quantidade
Descrição
1
1
Laboratório de informática com aproximadamente 25 computadores com acesso à Internet.
2
1
Data-Show
3
1
Notebook
4
1
Pacote Office Windows ou Linux (Excel/Calc, PowerPoint/Impress, Movie Maker, entre outros).
5
1
Softwares (GeoGebra, Cabri, HagaQuê, etc.) instalados nos computadores, de acordo com as parcerias formadas com outros professores e suas práticas.
6
1
Blog para registro do desenvolvimento do projeto. (http://www.integramidia.blogspot.com)
7
1
Grupo no Facebook (INTEGRAMIDIA) para comunicação da equipe a frente do projeto.
Quadro 4 – Recursos Tecnológicos

A escola disponibiliza de todos os recursos tecnológicos necessários. Os recursos a serem estruturados são de responsabilidade da equipe a frente do projeto. De acordo com as propostas apresentadas aos professores e com os retornos deles, poderá surgir a necessidade de outros recursos tecnológicos. 


8.3 Materiais

Item
Quantidade
Descrição
1
2
Painéis/Placares para divulgação do desenvolvimento do projeto, na sala de professores e no pátio da escola.
2
1
Resma de papel A4.
Quadro 5 – Recursos Materiais

8.4 Financeiros

Item
Descrição
Valor Unitário
Valor Total
1
---
---
---
2
---
---
---
3
---
---
---
Total
0,00
Quadro 6 – Recursos Financeiros


Não serão necessários recursos financeiros. Todo recurso material e tecnológico será cedido pela escola.


9. Acompanhamento e Avaliação


É necessário avaliar se o projeto está sendo produtivo. Para isso, deve-se acompanhar a receptividade de professores e alunos, a procura e a indicação de novas propostas, se de fato a prática do professor modificou ou se os instrumentos tecnológicos apenas reproduzem um mesmo modo de aulas. Observar se o uso da Informática foi potencializado, se estão sendo ampliadas as discussões a respeito das mídias, seja entre professores, entre alunos ou entre professores e alunos. 

Relatórios de atividades desenvolvidas, de propostas lançadas, de resultados obtidos, de interações por meio da Informática serão lançados em blog a ser criado. Todo o planejamento da equipe se dará de modo presencial, no espaço do laboratório de informática e virtual, em grupo a ser criado no facebook. A equipe poderá ser ampliada e/ou modificada, dependendo da disponibilidade e da entrega dos participantes em promover as atividades planejadas. 

Promover pequenos encontros com professores e com alunos para opiniões e debate a respeito de como tem sido desenvolvido o projeto e do processo de integração das mídias na escola; trata-se da busca de implantar um projeto que se torne permanente na escola. 


10. Resultados Esperados


É esperado com a execução deste projeto de intervenção:
  • Aproximação dos professores dos recursos tecnológicos disponibilizados; 
  • Ampliação das práticas dos professores com integração da informática, para além do uso pelo uso; 
  • Aproximar o aluno do mundo digital de modo a orientá-lo a ser crítico diante da enormidade de informações que são disponibilizadas; 
  • Proporcionar ao aluno maiores condições de interpretar, manusear e disseminar informações de forma responsável e segura. 

Referências


ARAÚJO, Ivanildo Amaro. Formação de professores e tecnologias da informação e da comunicação. Professor, você tem medo de quê? Disponível em: . Acesso em: 26 fev. 2012. 


ASBAHR, Flávia da Silva Ferreira. A pesquisa sobre a atividade pedagógica: contribuições da teoria da atividade. Revista Brasileira de Educação. Nº 29, Rio de Janeiro, May/Aug 2005. Disponível em: , acesso em 17 fev. 2013.

BASTOS, Charles L. de, et al. Resistência em utilizar recursos tecnológicos na escola. Curso Mídias na Educação. Goianésia, 2012.

BASTOS, Charles L. de. Um diálogo necessário: comunicar em educação e os instrumentos tecnológicos. Curso Mídias na Educação. Goianésia, 2012.

BEAUCLAIR, João. Educação e psicopedagogia: aprender e ensinar nos movimentos da autoria. São José dos Campos: Editora Pulso, 2007.

BÉVORT, Evelyne. BELLONI, Maria Luiza. Mídia-Educação: Conceitos, História e Perspectivas. Disponível em: , acesso em 26 out. 2012.

DURAN, Débora. Letramento digital e desenvolvimento. Das afirmações às interrogações. São Paulo: Editora Hucitec, 2010.

FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Editora Cortez, 1991.

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência – O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Reimpressão 2011. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. 

MORAN, José Manuel. A Educação que Desejamos: Novos desafios e como chegar lá. 2ª edição. Campinas: Editora Papirus, 2007.

PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants. On the Horizon, MCB University Press v. 9. nº 5, out 2001. , versão traduzida por Roberta de Moraes Jesus de Souza: Nativos Digitais, Imigrantes Digitais, disponível em: , acesso em 08 jun. 2012.

SILVEIRA, Sergio Amadeu da. Inclusão digital reduz exclusão social?. Disponível em: https://www.institutoclaro.org.br/em-pauta/sociedade-em-rede-o-social-e-o-digital-por-sergio-amadeu-da-silveira/. Acesso em 16 jun. de 2012.

TAS, Marcelo. Comunicação digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN, Sergio (orgs.). Cultura Digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, p. 231-241. Entrevista, 2009.

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