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15 anos no ensino e um pouco de como tenho aprendido e ensinado!

Minha trajetória enquanto aluno e enquanto carreira na Educação.

"Meus 15 anos"


Se fosse casamento, bodas de cristal... Se fosse sobre completar os 15 anos de vida e iniciar o caminho para a vida adulta, debutante... Mas se forem 15 anos de profissão? Este período não é todo enquanto professor, mas todo ele no ensino.

15 anos no ensino e pouco de como tenho aprendido e ensinado!

Quando ensino também aprendo e aprendendo posso ensinar,... Ora, então não são só 15 anos no ensino, afinal começamos a aprender bem antes de irmos à escola pela primeira vez e aprendemos muito para além da escola. Mas nesta postagem me refiro especificamente aos 15 anos de trabalho/profissão que completo exatamente hoje (02/08/2015), proponho um breve relato sobre minha trajetória no ensino e aprendizagem até aqui.

Os períodos e marcos de nossas vidas devem ser lembrados, pois revivemos parte do que fizemos,  e assim, planejamos e executamos atividades semelhantes ou não às já vividas; é a tal da experiência, do planejar, de não parar no tempo, de modificar, de se reinventar. Vamos ensinando, mas mais ainda aprendendo, dois prazeres que o ser professor nos permite.


O primeiro emprego!


Faltando pouco mais de um mês para completar 18 anos, tive a oportunidade de começar meu primeiro emprego formal que durou aproximadamente 9 anos (2000-2009) em uma escola particular, era uma quarta-feira e pela primeira vez estava naquela escola, com aquelas pessoas... A possibilidade deste emprego se deve à indicação de um professor de geografia (Luiz Cândido); creio eu que por conta de ter participado de um curso de datilografia ministrado por este professor e por prestar serviço na secretaria do colégio em que estudava por alguns meses, em regime de colaboração.

Inicialmente, minhas atribuições eram de digitar e editar material para professores e para a secretaria, aos poucos passei a desempenhar outras atividades, como, trabalho com documentação da secretaria, organização administrativa, atividades didáticas e pedagógicas com professores e alunos, e assim fui me percebendo no ambiente escolar não só como aluno.

Em 2002, me foram confiadas as primeiras turmas de ciências (física e química) e matemática do nível fundamental. Gosto de participar das atividades promovidas por outros professores, e nesta escola me confiaram participar de várias apresentações de teatro (fui parte de uma zebra, saci, um velhinho, contador de histórias, papai noel, etc.) e ajudar na organização de eventos (dia das mães, festas juninas, feiras culturais, jogos estudantis, formatura, etc.). Após terminar a graduação veio a oferta de ensino para turmas no ensino médio (física).

Apesar da pouca valorização salarial, este período de quase 9 anos foram responsáveis pela minha identificação na profissão. Minha saída da escola ocorreu por conta de outras oportunidades de emprego, novas atribuições e melhor remuneração.


Continuando os estudos e novas oportunidades


É quase um currículo, mas em cada uma destas experiências, pude ir percebendo e conhecendo mais sobre ensinar e aprender. Não há como não relatar.

Outros empregos

  • Professor substituto (Escola pública estadual) - (2006-2007 e 2011-2012). Foram duas experiências diferentes, na primeira trabalhei principalmente com alunos na modalidade EJA (educação de jovens e adultos), era gratificante perceber o esforço de muitos alunos (a maioria com mais idade que eu) que trabalhavam o dia todo e ainda se dispunham a realizar as atividades escolares todos os dias e ao mesmo tempo um descontentamento, com alguns que nada mais queriam que um certificado. No retorno ao estado, agora em outra escola, constatei a enorme deficiência na aprendizagem, alunos que não demonstram qualquer interesse ou esforço em estudar, famílias desestruturadas ou que depositam toda responsabilidade pela 'educação' em uma instituição de 'ensino' e ainda a ignorância de governantes para com o ensino.
  • Concurso público - (2007). Me inscrevi concorrendo à única vaga de um concurso municipal para professor de área (matemática), foram 13 candidatos. Avaliação em junho, resultado em julho e primeiro dia de concursado 06/08/2007. Naquele momento já me via realizado, poderia trabalhar mais próximo do que me agrada, com garantia de emprego e ainda, melhor remunerado. Vieram novas experiências, como a escola ainda não tinha as turmas finais de ensino fundamental, assumi uma turma de 4º ano, com todas as disciplinas, muito trabalho, alunos inquietos, mas foi bom... ainda me lembro da maioria deles. Pude criar muitos projetos e participar de vários outros.
  • Tutor de EaD - (2010-2013). Resolvi me inscrever no final de 2009 em um processo seletivo para tutor de um curso de graduação em informática (licenciatura em computação) na modalidade de Educação a Distância, não tinha titulação específica para atuar, mas não houveram concorrentes, acabei sendo convocado para entrevista e durante 4 anos acompanhei mais de 100 alunos, chegando a cerca de 35 concluintes. Pude confirmar várias facetas de alunos, mais me contentar que descontentar com as relações neste período.
  • Outras experiências - Por um ano fui monitor de cursos de informática (Office Windows e BrOffice Linux); durante seis meses trabalhei no monitoramento de sistemas do governo ligados à educação numa secretaria de educação; por um ano participei de módulos de cursos do PRONATEC;
  • Colégio Particular - (2015). Depois de quase um ano sem trabalhar (por estar em licença para estudos), aceitei um convite de um colega e retornei à educação particular em outra cidade; por fora a escola me parecia uma outra realidade, mas depois de alguns meses lá, não é bem assim. Os alunos são tais como os de outras escolas, encontramos as mesmas dificuldades, apesar de melhores condições de trabalho e valorização salarial.
  • Universidade - (2015). Há poucos dias, comecei uma nova experiência, por conta de uma indicação de um professor de língua portuguesa e literatura e também colega de trabalho no ensino do município em que resido; começo a lecionar a disciplina de cálculo com geometria analítica no curso de engenharia civil.

Alguns estudos

  • Ensino Básico - Cursei todo o ensino básico em 4 escolas, por alguns meses aos 6 anos estudei em uma escola municipal em Anápolis, não me recordo do nome da escola. Durante cerca de dois anos estudei na Escola Municipal Euclides Serafim de Lima e outros dois anos em uma escola rural, no sistema seriado (várias turmas em uma única sala). Por último, no Colégio Estadual José Alves Toledo, cursei o ginásio (5ª a 8ª série) e dois cursos de nível médio. Cursei o não profissionalizante: 'Científico' e o profissionalizante: 'Magistério'.
  • Graduação - Em 2002, já pensando em continuar a trabalhar no ensino, dos cursos públicos e próximos do município em que resido, optei por Matemática na Universidade Federal de Goiás (UFG). Me lembro que, no ensino médio, realizava parte dos exercícios do livro, antes da explicação da professora e que cabia uma satisfação ao conseguir resolver um problema que me parecia desafiador. Aprovado, 35º lugar de 35 alunos chamados. Felizmente, após 4 anos de idas e voltas entre municípios, grupos de estudo, estudos em finais de semana e nas madrugadas, fui um dos 13 concluintes. Em 2009, resolvi por iniciar um novo curso, graduação em Sistemas de Informação pela Universidade Estadual de Goiás, um bom curso e de bom mercado, mas infelizmente o nível do curso não oportunizava muito aprendizado e não era o que eu estava buscando, tranquei após concluir 2 dos 4 anos.
  • Especialização - Participei (2008-2009) de uma das realidades no ensino, uma graduação que pouco acrescentou em minha formação, cursei Psicopedagogia Institucional pela FINOM (Faculdade Noroeste de Minas), foram pouquíssimos encontros em que quase nada se explorava. De 2010 a 2013 a especialização em Mídias na Educação, esta sim muito produtiva, pela UFG, na modalidade semi presencial. No final de 2013, juntamente com uma colega resolvemos participar do processo seletivo do PROFMAT (Mestrado Profissional em Matemática) e tive a grata satisfação em ser aprovado, começo esta semana a cursar as duas últimas de 9 disciplinas e a organizar o trabalho final (dissertação), curso ofertado com bolsa pela SBM-CAPES e UFG.
  • Capacitação e formação continuada - Foram inúmeros cursos em várias áreas e em diferentes modalidades: educação especial, atendimento educacional especializado (AEE), GDE (Gênero e Diversidade na Educação), EaD (Educação a Distância), Educação Integral e Integrada e outros.

Eu Sou Professor: 15 anos no ensino e pouco de como tenho aprendido e ensinado!


O que fica destes 15 anos?


Que venham muitos outros anos, que não faltem novas experiências, afinal aprendemos e ensinamos a todo momento, o que/como aprendemos e o que/como ensinamos depende do sujeito,... Nossas ações nos mudam e mudam aqueles que depositam no ensino a esperança de dias melhores!

Com o tempo e sem desistir quando vale a persistência, vamos constatando o que nos permite registros de participação no ensino e na aprendizagem. Não sou estudioso sobre pedagogia, sobre o ensino, ou sobre a 'educação' no Brasil, mas creio que cabem algumas observações, que por agora me lembro, com estes 15 anos de profissão:
  • se não nos entregarmos a um estado de conforto, contribuímos com novas práticas no ensino e na aprendizagem. Não cabe aplicar sempre uma mesma rotina, nenhuma teoria é suprema e sinônimo de resultado satisfatório. É preciso se atentar ao que ocorre à nossa volta, próximo de nossos alunos e no desenvolvimento do ensino (políticas, teorias, conhecimento específico de área);
  • compreendemos que a organização, o foco e o tempo para leitura e interpretação é importantíssimo em quaisquer estudos. O planejamento cabe ao ensinar e ao aprender;
  • para aprender, precisamos de todo um preparo, iniciando por nos apropriar dos símbolos, da linguagem específica a cada ciência;
  • jamais devemos minorizar o outro, sempre temos algo a aprender quando nos permitimos à comunicação; se observarmos atentamente nossos alunos, melhor avaliaremos e aprenderemos sobre nossa profissão;
  • é preciso valorizar os alunos em suas potencialidades, e mesmo quando percebemos as dificuldades, desestimulo ou falta de vontade, precisamos a todo modo trazê-los para a aprendizagem;
  • discursos sobre a necessidade de estudar ou falas que os reduzam não são úteis produtivamente, precisamos procurar compreender o estado de cada aluno (cada um é único) e oportunizar-lhes o melhor. O ensino não é uma mera transmissão de conteúdos, é favorecer condições (carinho, respeito, valorização, e outras condições básicas ao ser humano, como a alimentação e a saúde) ao aluno para a vida. Não é adotar, mas atentar-se a uma vida;
  • a troca de experiências e a participação em projetos é enriquecedora. Precisamos de nos tornarmos autores, nos arriscar, estudar teorias, sentirmo-nos e aos outros, propor novas práticas, discutir desenvolvimentos e não só resultados;
  • Investir na carreira nunca é suficiente, precisamos estar em constante formação (capacitações, extensão, pesquisa);
  • não resolve apenas reclamar, além disso precisamos promover ações que dê visibilidade aos nossos alunos e que busque valorizar a todos, cada um com sua individualidade;
  • Matemática não é um bicho de sete cabeças, é uma linda ciência que demanda compromisso para que seus teoremas e aplicações sejam aprendidos;
  • é prazeroso estar imerso em atividades que gostamos, e assim, certamente teremos bons resultados;
  • não devemos, professores, carregar toda a culpa da dificuldade que temos enfrentado no ensino; há um entendimento errado sobre educação que nos é atribuída, quando quem educa são todos, não só o professor. Na verdade, não é finalidade principal do professor a educação, mas o ensino, a orientação, o ensinar a aprender, o mediar o conhecimento e permitir ao aluno aprender e produzir novos conhecimentos;

Tenho muito a agradecer por todos estes processos de ensino e de aprendizagem, a tantas pessoas que contribuíram para a minha formação. Espero poder estar no mesmo caminho, contribuindo para a aprendizagem de tantos outros. Que outras experiências você tem que podem colaborar para o nosso ensino? Que tal discutirmos mais a respeito? Deixe seu comentário, registre sua participação.


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TIC na Matemática

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