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3 meses e afinal, que "Pátria Educadora" é essa que estamos vivenciando?

A 'Pátria Educadora' precisa de orientação, precisa de ensino. Nem ela sabe para que serve!
Esta postagem não é para levantar bandeira para este ou aquele partido, este ou aquele representante; não vejam como campanha, mas como forma de dispor opinião a respeito da educação e do ensino que percebo enquanto professor, enquanto sujeito em meio à sociedade, procurando apontar alguns descontentamentos. Não tenho que estar certo ou errado, não é preciso que minhas opiniões sejam a solução, só configuro um pouco do que vivo.

3 meses e afinal, que pátria educadora é essa que estamos vivenciando?

Vejo cada vez mais a educação sendo empurrada como responsabilidade da escola, do professor; a família já não educa mais? Questiono isso pelos incontáveis desapontamentos recebidos de inúmeros alunos quanto ao que demonstram em seu relacionamento com o outro. Não há respeito, não demonstram valores que deveriam vir de casa. São recorrentes diferentes ações evidenciando o fato de que a família tem deixado de exercer o papel de educar aquele que lhe é responsável.
  • Quase sempre respondem e se vêem donos da razão;
  • Não respeitam ensinamentos de comportamento, ética e moral;
  • Apresentam interesse em assuntos com os quais deveriam se distanciar ou não lhes cabe para a idade;
  • Vão à escola para passar o tempo, ou porque a família não os suporta em casa, ou precisam marcar presença por conta de uma bolsa;

E então, primeiro o discurso depois a realidade. Temos presenciado inúmeros fatos que só contribuem para o descaso com a educação. O que é mesmo essa tal "Pátria Educadora"?
  • Qual é o futuro daquele que realmente estuda? Há garantias para ele? O estudo oferecido é suficiente para a demanda? Existem condições legitimas para dedicar um bom tempo de sua vida em cadeiras das escolas?
  • Processo seletivo no nosso estado (Goiás), para contrato temporário de professores pagando R$ 654,22 por 20 horas. Será quanto irá receber o professor quando vier o contracheque com os descontos?
  • Há uma grande quantia de professores trabalhando fora de área de formação e ainda pior, sem formação específica para trabalhar no ensino. Em Goiás, vivemos isso na própria secretaria estadual de educação e os professores estão pagando pelo fracasso de um administrador;
  • E as propostas de 'privatização', 'terceirização' ou algo parecido na educação em Goiás, é mais gente que não entende de ensino a frente dele. Pode ser que alguns se destaquem positivamente, mas o cenário não é de instaurar uma política sólida e um segmento que realmente contribua para o real crescimento qualitativo do ensino. Soa mais como descaso e um meio de atribuir a outros a culpa pela situação;
  • E essa proposta de deixar a 'educação' (ensino) sob responsabilidade cada vez a nível mais baixo (estados e municípios) e estes ainda empurram aos professores e outros servidores; será que haverá a quem empurrar esse "problema"; pois é o que demonstram - problema - em não terem uma política de nível federal e assumirem real responsabilidade e concreto projeto a respeito;
  • De propaganda Goiás foi muito bem, colocou uma situação péssima na qualidade do ensino como sendo o melhor nível de 'educação' no Brasil; afirma pagar o piso salarial (outra mentira), mas achatou o salário do professor, incluindo o valor de usa gratificação como parte do salário base. Conseguiram mascarar bem os resultados e fizeram melhor ainda na mídia, mentindo descaradamente;
  • Greves abafadas em alguns estados (São Paulo, Paraná, Santa Catarina);
  • Cortes em investimentos em nível nacional, em diversos segmentos do ensino, não refletem o lema;

Será que tipo de pátria educadora essa? A que oferece condições para melhoria da qualidade do ensino; A que manipula, maquia e coloca em mídia um monte de mentiras que não refletem a realidade; A que promoverá a independência do sujeito por aquilo que aprendeu e que propôs de crescimento aos seus; A que foge da responsabilidade e que usa uma necessidade como forma de baixar o fogo... Estes 3 primeiros meses não foram bons; vejamos o que nos aguarda pela frente, mas não queiramos aceitar 'o que der e vier'.

E depois pensam que o professor ganha bem, a campanha noticia salários acima do que grande parte da população recebe; Mas a luta do professor não é só por conta do salário. É a situação do Brasil, do sujeito aluno e de sua condição nessa sociedade que tem muito sofrido. Há toda uma distorção econômica que penaliza aquele que empreende e emprega, que tira daquele que não tem condições e favorece aquele abastado, que remedia mas não acaba com a pobreza...

Não sabem eles que estes salários não são reais, o quanto nos é descontado e que muitos de nós dedicam mais que as horas de trabalho que as que são creditadas. Não sabem, que temos feito mais que ensinar, que repassar conhecimento, que instigar para novos conhecimentos. Infelizmente, precisamos exercer tantas outras funções; nossos alunos carecem não somente de aprender conteúdos, eles trazem de casa inúmeras necessidades que a escola acaba arcando. Estas necessidades são tão graves, que aprender algo novo pode ser deixado para outro momento, o importante é sobreviver; e isso só contribui para a péssima qualidade nos resultados de um ensino que vive a mercê de falsas políticas.

A Educação precisa vir de casa, mas é preciso que os responsáveis tenham condições de se dedicarem a serem família, a cuidarem dos seus. Ensinam não somente os professores, mas todos. Aprendemos com os exemplos, ou copiamos ou entendemos que não é certo. Quando somos deixados de lado, para segundo plano, nossas crianças vão crescer copiando muito do que deveria ser combatido, e nossa sociedade mudará, mas uma mudança que só a empobrece.

E vem um discurso de que uma "Pátria Educadora" se faz com mais acesso a Educação. Ora, mas quais são as condições de acesso? Esse acesso é garantia de permanência e de uma permanência de qualidade? De entendimento de que aprender, irá garantir-lhe um presente e um futuro melhor?


Afinal, que definições se fazem presentes na 'Educação'...?


Não proponho exportar modos de 'Educação' vividos em outros países ('Pátrias'), mas não se pode negar que quando o enfrentamento e a proposta é real, o resultado é refletido não só por onde se propôs, há toda uma relação com outros setores que ganham com uma 'Educação' de qualidade. Confira um exemplo em Finlândia, a verdadeira "Pátria Educadora".

A "Isto, É", questiona em um artigo, Cadê a "Pátria Educadora"? e para uma leitura apenas quanto aos indicativos que provocam ainda mais a pergunta, percebe-se um pouco das inverdades a respeito da qualidade da 'educação' no Brasil.

No blog Prof. Edigley Alexandre, é possível encontrar a recomendação ('Brasil, Pátria Educadora' poderá sair do papel se...) de um texto de Cristovam Buarque elencando algumas ações a respeito do que seria o pensamento em pátria educadora.

Que definições se fazem presentes na 'Educação' vista no Brasil? E de que Educação estamos falando mesmo? Veio algo repentino, que não tinha fundamento, mais parece um emaranhado de ideias que não se encaixam, é um socorro mal pensado, que nem mesmo chegou a ocorrer... E então, o que vem? Não é pessimismo, mas não caminhamos bem nessa 'pátria'.

Não será difícil encontrar inúmeras referências ao termo na web - "Pátria Educadora" - mas difícil será encontrar até então, referências favoráveis às ações tomadas frente ao lema, que mais é um apontamento político que um projeto sólido. Novamente, primeiro o discurso, depois a realidade; são ideias de relance, pensadas para um momento, procurando abafar, acalmar os ânimos, e que infelizmente costumam não resultar um salto qualitativo favorável. Estejamos certos, estão pagando a conta aqueles que mais contribuem, e o retorno é quase nada ou nada.


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