Diversidade Racial
A diversidade pode ser percebida mesmo entre os menores seres, entre os idênticos,... A natureza nos proporciona essa possibilidade de não sermos uma produção em fábrica; cada um carrega sua carga genética e sua influência de meio, além de no percurso dotar-se da escolha pela mudança.
Ao tratar da diversidade racial, pensa-se em questões que relacionam principalmente a cor da pele, mas incluem a origem histórica, social e cultural do negro. Do ponto de vista científico, somos uma raça única - seres humanos, mas social, histórica e politicamente, acostumou-se a propor divisões pela cor e com ela agregar valores como se fossem específicos de cada uma.
A exclusão e, consequente, falta de conhecimento, não permitem que se conheça o indivíduo e ele é caracterizado por valores herdados historicamente (preconceitos). Passam a existir grupos fechados em que não há partilha de seus reais valores; e haverá grupos prontos para perpetuar, por exemplo, a discriminação racial.
Quando se vive em sociedade, formada por uma legislação que ampara todo ser humano como cidadão, a direitos e deveres, o conhecimento liberta-nos para uma concepção própria sobre o outro; e este conhecimento sendo acompanhado da convivência, da partilha, do se permitir ser conhecido, disseminará com práticas sociais discriminatórias.
Enquanto seres humanos, independente do ser cidadão, do viver em sociedade, é preciso que cada um busque o respeito aos princípios de igualdade e liberdade. Ao mesmo tempo, isso não é algo que se resolva tão só pelo indivíduo, pois, no uso do mesmo pensamento de Helena Esser, “estabelecer uma comunidade é muito diferente de submeter uma multidão”.
Creio que, para superar o preconceito e a discriminação racial é necessário, principalmente, que se tenha conhecimento, pois ele nos leva a desvencilhar a carga de preceitos que carregamos e que criamos do outro. Quando o conhecimento realmente ocorre, o interior nos é revelado. É claro que não se pode deixar de lado a importância das garantias da legislação e de instituições jurídicas, que caminha (apesar de falhas) com o conhecimento em favor da diversidade e de sua preservação. Não podemos ser iguais pelas nossas características (elas são individuais), mas devemos ser iguais, uns com os outros, pois somos todos seres humanos.
A Discriminação Frente à Diversidade
Vivemos cercados por uma imensa variedade de formas, cores, cheiros, sentimentos... Experimentamos novas relações com o meio a todo o momento, precisamos conhecer! Aquilo que nos é desconhecido faz com que criemos características, funções e o sentimento de rejeição e tudo isso é discriminação, é ver e tratar diferente, é separar justamente por algo que torna o outro fora do ‘comum’ do ‘padrão’. Mas o preconceito está em conceituar, fazer seu julgamento sobre o outro de forma a menosprezar a diferença, é o mal da discriminação.
Uma criança é influenciada pelo meio que vive desde os primeiros instantes de sua vida. A educação de qualidade é aquela que permite o conhecimento de princípios básicos do relacionamento humano, do discernimento sobre a individualidade de cada um, de suas diferenças e de eventuais limitações para que possa compreender as diversidades como o normal para as espécies. Que o estranho, o incomum é uma sociedade sem diferenças, pois cada um é fruto de diferentes interações e mais tarde se torna influenciador para novas e diferentes relações com o meio.
A educação deve valorizar a diferença, pois é ela que possibilita a escolha de individualidades do ser humano, pelas crenças, pelas afinidades, por atrações, por cultura, por regionalismo, pelo conhecimento. Mas a escolha não deve se valer do ‘eu quero isso, porque isso é assim... ’, ela não deve ser ferramenta que afaste e crie zonas fechadas de proximidade, mas instrumento de satisfação, de realização e ainda assim poder interagir com aqueles que trazem consigo ou escolhem algo divergente de si. É a mistura de todas as diversidades que mantêm o ser humano e permite que ele possa viver em plenitude, é o que define cultura.
É preciso conhecer quaisquer manifestações culturais e quanto mais se conhece, percebemos que existem mais diferenças, umas próximas e outras bem distantes da que vivemos. Participar destas manifestações e viver as diferenças faz com que tenhamos maior conhecimento sobre nós mesmos, sobre nossa existência e nossa formação frente à sociedade.
São muitos os que se privam das suas individualidades, de suas diferenças, de seus anseios, receosos pelo que o outro possa lhe conceituar. O medo de ser diferente torna o indivíduo um ser que se discrimina; para ele é mais seguro ser como outros, viver o/no ‘mundo’ dos outros e ai ele não vive para si, mas em função de preconceitos sobre si.
Trabalhar cotidianamente, sem a necessidade de conceituar teoricamente as diversidades, de modo a superar a discriminação pela diferença dentro da escola, já é exemplo do que a criança levará para a sociedade sobre o belo de ser diferente. E situações assim ocorrem todos os dias: ‘a baleia’, ‘a macumbenta’, ‘o fedido’, ‘bobo, burro’, ‘o baixo’, ‘o roceiro’, ‘o cearense’, ‘gay’,... Tenho convivido com elas sempre dentro da escola, e conversar com todos os alunos sobre o que eles vêem, de onde eles tiraram essas falas, o que significam elas, o porquê de dizerem isso, ajuda com que percam o hábito de destratarem os colegas e reconhecerem que eles mesmos possuem diferenças, que elas são comuns entre os seres humanos e que nem por isso os tornam desiguais.
A igualdade é bem-vinda na aquisição do conhecimento, na possibilidade de ver o outro e ser bem visto dentro da sociedade, no lutar e cumprir com os direitos e deveres pela lei humana, no respeito, nas relações entre os seres.
Gênero e Diversidade na Escola
Enquanto a história não escrever o crescimento de classes desfavorecidas e a proximidade entre pólos tão distantes, o Brasil viverá para o racismo desculpa do que vivem muitos negros e não tratará de políticas que façam cumprir direitos e deveres enquanto seres humanos, para que se efetivem os trabalhos de muitos que lutam e não vêem vencer seus ideais.
A vida escrava e tudo de preconceito agregado ao negro, tornam-se repetitivos e com as gerações se amplia. O que se vive hoje, é herança que a história tarda em enterrar.
Muitos discursos como “deixe-o e ele será esquecido”, querem dizer que a solução para todo mal é escondê-lo do mundo e de si, ou noutra interpretação, se somos parte de uma mistura, somos um pouco cada cor, e delas nos cabem novas faces. Nem mesmo a última versão se salva, já que à cor agregaram-se valores como se a ela pertencessem e ai mora a hipocrisia... diz-se algo pelo qual não vive ou procura ignorar, pois a distância o salvará.
São muitos exemplos contra o racismo, aclamados nas mídias (ou política, escola, família ou outros meios sociais). Muito bem, aplaudem os telespectadores levantando a bandeira do anti-racismo, mas em situações reais se vêem praticantes. É notável que nos últimos anos a participação negra na mídia ainda pequena vem aumentando, há que perceber o papel que a maioria das personagens assumem, questões de cota, de empresa responsável e tantas outras escondidas pelo intuito.
Na escola, é possível notar entre os alunos alguns colegas que menosprezam os outros, se recusando a realizar atividades com eles, ou os acusando pelo que ocorre em sala. Existem inúmeros projetos que de alguma forma trabalham o preconceito, o racismo, a diferença, mas ainda é tão evidente a relação em que há muito mais negro em situação de pobreza e miséria que branco, que com palavras ou ações como as que trabalhamos não há suficiente conscientização contra discriminações.
Concordo com um artigo que li, sobre haver ultimamente mudança no modo de falar sobre negro... 'mulatinho', 'moreno', como se mudando um nome, muda o sentimento ou o conceito sobre o outro. Tornou-se moda: "Afro-descendente"... mias sobre o tema no artigo de Antonio Risério: Afrodescendente, o neonegro.
As reportagens trazem manifestações sexuais de adolescentes em diferentes escolas. Algo que pode não parecer, mas é rotineiro em quaisquer outros ambientes. Tenho ouvido adolescentes comentarem sobre suas experiências e o conhecimento que eles demonstram para a idade que têm evidencia o quão a informação hoje é facilitada. Não porque os pais conversam com eles, mas que entre eles e por diversos meios de comunicação o incentivo e a pouca responsabilidade os faz amadurecidos sexualmente a cada dia mais cedo.
Antes assunto assim, era com a família (pai, mãe) e muitas vezes, nem entre eles. Mas agora, a escola é livre para falar (instruir) seus alunos, mas existem muitos professores arraigados no passado e que crêem ser algo que não lhes compete. Ou outros, que crêem que é justamente por tanta liberdade, não só da escola que têm ocorrido tais reportagens, sobre adolescentes cometendo o que a lei considera crime ‘divulgar vídeo de menores em ato sexual’. Não é o saber que os torna ruins, é o experienciar sem responsabilidade, sem maturidade para entender as consequências do que se está fazendo.
A escola precisa acompanhar o crescimento de seus alunos, os envolvimentos entre eles e com outros. Devemos conversar com eles, quando acreditar ser pertinente, proporcionar a informação clara, correta e não deixar que aprendam tão só com o meio juvenil. É preciso esclarecer e informar de modo a prevenir que suas vivências sejam desastrosas e afetem-nos.
O padrão social em que o homem e a mulher trabalham fora todos os dias, e que os filhos se ocupam de tarefas que não lhes deveriam ser atribuídas contribui para maior distanciamento e pouco ou nenhum relacionamento que permita conversas sobre sexualidade ou sobre o desenvolvimento dos filhos... hoje é um papel que os pais acabam atribuindo somente à escola, mas que não deveria deixar de ser de casa também.
A parada gay como muitos outros eventos surge da luta contra o preconceito, em favor do conhecimento, tornando-se um marco brasileiro, mas que existe em muito outros países. Há sempre quem abusa e aproveita para incrementar a negação do outro, a opressão; ou aquele que apenas deseja aparecer e se promover que algum modo.
Referências
MARTINS. Etiene. Espelho Literário - Devido à Lei 10639, o mercado de livros voltados às crianças negras não para de crescer. Revista RAÇA, Editora Escala, 2011.
REIS, Helena Esser dos. ‘Diversidade e respeito: supostos para formação dos cidadãos’. Disponível em: < http://ead.historia.ufg.br/file.php/88/Helena_Esser .PDF>, acesso em 28 jan. 2012.
SÁ, Edmilson Siqueira de. A Lei 10.639 e a Diversidade na Escola Brasileira. Conteúdo disponibilizado em: <http://ead.historia.ufg.br/file.php/88/Texto_ Edmilson.pdf>, acesso em 24 jan. 2012.
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