Pré-projeto de pesquisa sobre a formação do professor e o ensino de matemática no ensino fundamental frente às inovações midiáticas.
INTRODUÇÃO
“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. Paulo Freire.
Uma das mazelas na educação tem sido a falta de acompanhamento do professor às mudanças que o cerca. O público da escola passa por transformações constantes e referindo às mídias, estas se intensificaram a partir do final do século passado; algo que não ocorreu com o professor, a grande maioria ainda se prende nas mesmas práticas com as quais aprendeu e que ensina faz anos.
Há no desenvolver deste pré-projeto, a intenção de pesquisar e estudar a respeito das mídias, da formação continuada e do ensino de matemática, pensando numa perspectiva atual destes contextos. Encontrará o leitor, um breve apanhado da intencionalidade com esta pesquisa de afirmar ou não a problemática que segue.
TEMA
A formação do professor e o ensino de matemática no ensino fundamental frente às inovações midiáticas.
PROBLEMÁTICA
O professor precisa se inserir na nova ordem em que as mídias são rotineiras na vida de seus alunos. Será que isso tem ocorrido? O professor tem procurado a formação continuada e tem modificado sua prática?
JUSTIFICATIVA
Não há como negar a forte presença das mídias na sociedade. É preciso compreender como o professor tem se posicionado em sua prática frente às mudanças tecnológicas. A proposta de pesquisa está justamente em identificar em algumas escolas públicas, como tem sido tratada a mídia na educação, seja considerando o trabalho com os recursos tecnológicos disponíveis ou não, seja discutindo a influência da mídia na história do Brasil e fora dele, e outros fatores que possam surgir.
Quer-se dispor principalmente um aprofundamento a respeito de como tem sido a formação do professor frente às inovações midiáticas e se essa formação tem sido aplicada no ensino de matemática; e então, poderão surgir fatores direcionando a pesquisa para a formação enquanto licenciatura e ainda a capacitação continuada.
É muito importante compreender como o professor, que em sua maioria ainda é “imigrante digital” tem feito para lidar e para acompanhar as mudanças tecnológicas dos últimos anos e os alunos - “nativos digitais”.
REFERENCIAL TEÓRICO
Não há como negar-se à mudança; de algum modo ela provoca. A escola é um dos ambientes responsáveis pela formação de pessoas para a socialização, para a interação, para a movimentação. A mudança de que trato não é indicativo de moda, de que todos estejam num mesmo trilho, mas que não se pode mostrar inerte às transformações que provocamos e que ao mesmo tempo nos provocam.
Araújo (2010, p. 1), diz que:
No contexto das velozes alterações tecnológicas no qual nos encontramos neste século XXI, algumas exigências se impõem e atingem diretamente mudanças na formação de professores. No espaço da universidade, essa formação deve se sustentar numa sólida formação teórica articulada com as capacidades de intervir de modo crítico na realidade cotidiana dos espaços formativos. A escola é um desses espaços. É fundamental que receios, medos, temores das tecnologias da informação e da comunicação possam ser dirimidos no sentido de tornar o professor um profissional capaz de avançar na construção dos conhecimentos de forma criativa, crítica e autônoma.
No artigo “Resistência em utilizar recursos tecnológicos na escola”, que trata de estudos a respeito de mídias na educação, evidenciamos que:
A todo o momento é possível perceber a presença de algum avanço tecnológico. Não devemos considerar que é a tecnologia a causadora de mudanças em nossas vidas, mas que nós provocamos as inovações tecnológicas. Não é que nosso modo de ser e agir não esteja mudando com os avanços tecnológicos. Se a tecnologia existe e percebe-se uma mudança cultural, isso ocorre justamente por sermos os causadores. Considerando assim, não há porque não explorar os recursos tecnológicos na escola, já que é seu papel, dentre muitos, a educação para a vida, para a sociedade e a sociedade tem vivido o que se chama “cultura das mídias”. (AUGUSTO, 2012, p. 3).
É preciso ir além desta discussão e então aprofundar especificamente nos professores responsáveis pelo ensino de matemática. O que eles têm proposto em suas aulas que vão além daquele modelo, que ou trouxeram com eles de quando alunos, ou que se acomodaram em trabalhar? É cada vez mais evidente a cobrança pelo aprendizado vivencial, por uma matemática mais próxima do cotidiano. Avaliações, índices, testes, simulados, provas, e uma série de outros instrumentos tendem a medir o nível de ensino e de aprendizado.
A proposta de buscar compreender o que a formação continuada, principalmente no campo das mídias, poderá influir no ensino de matemática está além de propor ações para alcançar bons resultados em instrumentos de avaliação; quer-se saber como tem sido a formação do professor, será que ela acompanha o movimento que a sociedade passa a cada dia? Ou será que ela estagna? É justamente isso o ensejo na problemática. Há um apontamento de PRENSKY (2001, p. 2) de que os professores usam uma linguagem ultrapassada, e que estão lutando para ensinar uma população que fala uma linguagem totalmente nova; claro que essa sua fala de 11 anos atrás pode não elucidar o que a educação vivencia com o teor que ele propõe de que seja este seu único e maior problema, mas certamente presenciamos certo distanciamento dos professores para com as mudanças midiáticas.
Os alunos trazem consigo, grande quantidade de informações que eles filtram, sobre leituras breves, textos ilustrados, temas que lhes são interessantes e que por vezes servem-nos para a mediação do ensino e da aprendizagem. O professor precisa atentar-se para o direcionamento de seus alunos quanto ao que eles absorvem das mídias; queira ou não, ele influência seu aluno, e esta influência deve propor ao aluno pensar a respeito daquela informação que ele recebe; este aluno precisa ser mais que um receptor, ele precisa se inquietar, tornar-se agente.
O ensinar deve estar além de seguir um roteiro planejado, ou de padronizar o que se deve aprender. Ensina-se o que o professor percebe como necessário, aprende-se com as relações com o meio, com o outro e consigo. O tornar-se professor a cada dia, o conhecer e aplicar sobre as mudanças que o ser vivencia são marcantes no ensino da matemática. A informação tornou-se mais rápida, mais abundante, mais próxima, o entendimento sobre ela também precisa ser.
Para o professor conseguir ser motivador das experiências que o aluno carrega e usá-las em favor do ensino da matemática, se ele não tem intenção e se não se capacita, pouco ele move, e tende a repetir o mesmo ensino, esperando uma aprendizagem que atenda às mudanças pelas quais os alunos passam.
Seria então o conhecimento sobre mídias, a aplicabilidade desse conhecimento no ensino de matemática um caminho para além da instrução do aluno frente à mudança midiática que o cerca, mas um chamariz, a aproximação deste aluno no campo dos números e das formas, nas ações cotidianas, na aplicabilidade matemática e no necessário aprofundamento teórico.
Não se pode negar a pesquisa, a discussão teórica em favor da visibilidade da matemática; é claro que se exige muito o aprender para isto ou para aquilo na aplicação cotidiana - Tenho que aprender isso pra usar em quê? - mas o aprofundamento, é necessário a busca pela ciência.
Quanto ao ensino de matemática se relacionar às mudanças que ocorrem na sociedade (sendo provocada e influenciada), SANTOS (2009, p. 3), afirma que:
Os estabelecimentos de ensino e seus profissionais precisam agir com intencionalidade ao abordar os conhecimentos científicos quando baseados nas contribuições de autores contemporâneos fundamentados no materialismo histórico dialético e no campo da Educação Matemática (...), uma das formas metodológicas para desvelar a aprendizagem nos dias atuais, pode estar no uso midiático.
O mundo move-se historicamente no sentido da evolução, uma evolução que ocorre quando se busca a mudança; comumente ela ocorre por seres que não se aquietam diante da situação que vivem. Muito disso pode não ter volta, há um momento em que ou nos apropriamos disto e mais, propomos novas mudanças ou tornamos seres à margem, exclusos.
Ao contrário do que se houve sempre, “- a matemática é exata, ela não muda”, percebemos que há sempre o que discutir, existe espaço para novos estudos, não podemos nos manter num mesmo segmento de ensino, querendo um mesmo aprendizado para um mundo diferente a cada dia. É inevitável a capacitação contínua e sua aplicabilidade.
OBJETIVOS
GERAL
Propor que se faça um estudo que permita identificar como tem sido a formação do professor e o ensino de matemática nestes últimos anos, em que as inovações midiáticas têm ocorrido em ritmo acelerado.
ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos deste pré-projeto, baseiam-se em sua apresentação para apreciação e desenvolvimento de estudos e pesquisas acerca do tema, procurando:
- Ilustrar um perfil de como tem sido a formação dos professores de matemática enquanto licenciatura, especialização e capacitações;
- Coletar dados e informações que permitam um direcionamento sobre como os professores compreendem as mídias na educação;
- Identificar ações que exemplifiquem ou não a mudança didática do professor quanto ao uso de recursos midiáticos no ensino de matemática.
METODOLOGIA
Ao propor um estudo sobre a formação do professor frente às inovações midiáticas e o ensino de matemática no ensino fundamental, é preciso ter um aporte teórico que permita compreender e garantir a análise e propostas acerca dos dados informações coletados em cada uma das entidades que forem trabalhadas.
Pretende-se então, utilizar a pesquisa bibliográfica, observando principalmente a questão da formação do professor, as inovações midiáticas e o ensino de matemática, tudo isso como um processo de sucessivas mudanças; feito isso, formular documentação para coleta de dados e informações capazes de afirmar ou não a problemática levantada, através da pesquisa de campo.
Haverá momentos de conversas informais, de observação e de entrevistas na busca de compreender, por exemplo, suas ações enquanto professor no ensino da matemática por meio midiático ou em que ele é provocado quando participa de momentos de capacitação, de troca de experiências (se participa).
Os dados e informações coletados terão um caráter quantitativo, como visão exploratória e analítica buscando propostas que estejam ao alcance da problemática. Possivelmente, serão indicadas teses a respeito dos dados e informações.
CRONOGRAMA
Ação
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Período estimado em semestres
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1º
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2º
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3º
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4º
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5º
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Revisão do Pré-Projeto de pesquisa e elaboração do projeto de pesquisa
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Levantamento bibliográfico
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Elaboração dos instrumentos de pesquisa
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Coleta de dados
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Sistematização dos dados
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Relacionar dados pesquisados e aporte teórico
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Formalizar documentação da pesquisa
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Apresentar resultados da pesquisa
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Ivanildo Amaro. Formação de professores e tecnologias da informação e da comunicação. Professor, você tem medo de quê?. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/ portal2-repositorio/File/vertentes/Vertentes_35/ivanildo_amaro.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2012.
AUGUSTO, Sandra Alves dos Santos. BASTOS, Charles Lourenço de. MACÊDO, Andréa Brito. MENDES, Elaine Cristina Silva. Resistência em utilizar recursos tecnológicos na escola. Curso Mídias na Educação - Goianésia - 2012.
FREIRE, Paulo Reglus Neves. A Educação na Cidade. Editora Cortez. São Paulo, 1991.
PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants. On the Horizon, MCB University Press v.9. n.5, out 2001. <http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-%20Digital%20 Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf>, versão traduzida por Roberta de Moraes Jesus de Souza: Nativos Digitais, Imigrantes Digitais, disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/55575941/Nativos-Digitais-Imigrantes-Digitais-Prensky>, acesso em 08 jun. 2012.
SANTOS, Inês Grasiela Dalmolin dos. SOUZA, José Ricardo. Educação Matemática e Mídias tecnológicas: Uma possibilidade para a ação educativa? Estudo da porcentagem na 6ª série. 2009. Disponível em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/ 1955-8.pdf>, acesso em 08 jun. 2012.
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