Originalmente, este post apresentava um texto de autoria do professor Sebastião Vieira do Nascimento (Prof. Sebá) a respeito de um 'matemático' brasileiro; mas alguns blogs aos quais ele encaminhou o artigo acabaram por publicá-lo quase que ao mesmo momento. Isso não é sadio para um blog, resolvi por retirar o texto original. Apesar disso, o tema continua pertinente; já tinha conhecimento do assunto antes do artigo me ser enviado e resolvi por ampliar tal questão.
Trata-se de uma resposta para um vídeo que foi muito replicado no youtube sobre uma aula do professor Augusto César de Oliveira Morgado, para um curso promovido pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Durante sua aula o professor, diz sobre a "inutilidade de se ensinar juros simples"; para melhor compreender o tom do que ele diz, cabe assistir o vídeo e ler o artigo original (do professor Sebastião Vieira do Nascimento) que pode ser acessado no blog Matemágicas.
Em 2011, o blog Manthanos dedicou uma postagem (A Fábula de Morgado: o contexto ideal para o ensino de juros simples) justamente sobre este tema que cabe leitura para melhor entender este artigo.
Em 2010, o blog Aprender, mantido pelo professor Luciano Monteiro de Castro, dedicou uma postagem sobre o professor Morgado que recomendo leitura [Professor Morgado].
Tenho apreço pelo trabalho deixado pelo professor Morgado (04/1944 - 10/2006). Parte de meus estudos ultimamente tem sido baseados nos livros, cursos e vídeos deste professor, por isso percebo que ele teve suas opiniões fortes sobre o ensino no Brasil e as expunha aos seus ouvintes. Quando assisti este vídeo, já há algum tempo, pensei um pouco sobre o que ele disse, e percebi, que o problema não era em ensinar juros simples e a questão de sua utilidade, mas é ensinar juros simples para alunos que pouco ou nada vêm de matemática financeira no decorrer do ensino básico e findam esta etapa do ensino, certos de saberem o que é matemática financeira apenas baseados no que viram ainda no ensino fundamental.
Concordo que ele pode ter exagerado em sua fala, mas não é difícil compreender o ponto principal do assunto. Em outros vídeos ele comenta sobre os livros didáticos em apresentarem conteúdos massivos de técnicas de desenvolvimento e praticamente nenhuma aplicabilidade, o currículo escolar que dedica muito espaço para determinados temas sem realmente explorá-los de modo adequado e deste currículo deixar tantos outros conteúdos tão necessários atualmente, dos questionamentos de alunos sobre o para quê aprender determinados conteúdos e outros.
Pouco sei sobre matemática financeira, mas concordo com ele sobre a tímida, quando não inexistente, presença de conteúdos de matemática financeira em todo o ensino básico. O currículo não privilegia um conteúdo tão aplicável e tão presente na vivência de todos, em detrimento de outros conteúdos; não prolongo mais a respeito, pois existem inúmeros outros fatores que contribuem para a falta de base adequada aos alunos que terminam o ensino básico.
Estou certo de que o professor Morgado conhecia a particularidade mencionada por Sebá, mas é justamente esta particularidade que lhe permite expressar a situação levantada em seu texto, que é bem visível em um post publicado há pouco neste blog [Planilha no Excel sobre gráficos de juros simples e juros compostos]. O exemplo indicado utiliza-se de um fato específico ao relacionar juros simples e juros compostos, que é sobre o único intervalo ao qual o montante de um capital aplicado a juros simples é superior ao montante de um capital aplicado a juros compostos; mas isso parece não evidenciar o que propõe o professor Sebá.
É uma pena o professor Morgado não estar mais entre nós. Não tive o privilégio de assistir uma de suas aulas de modo presencial. Já foram inúmeras aulas em vídeo e alguns livros. Cabe-nos, a leitura e o entendimento, cada qual a seu modo, e nisso respeitar o outro. Não conheço muito do professor Sebá, tive o prazer de tê-lo como leitor de alguns dos artigos registrados neste blog e de publicar alguns de seus textos. Não estou discordando de sua opinião no artigo, apenas resolvi ampliar o assunto. Respeito e entendo sua opinião sobre a fala do professor Morgado.
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